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sexta-feira, 20 de março de 2020

A ANTIGA CASA DA FAZENDA


Nas férias eu sempre vou para a fazenda do namorado da minha tia lá em Minas Gerais (eu esqueci o nome da cidade agora). Ele, a minha tia e os meus primos moram lá. A família do namorado da minha tia tem aquela fazenda desde o final do séc XIX. No verão passado eu tinha ido para lá, como de costume, só que dessa vez o meu espírito curioso e aventureiro de adolescente não se contentou em ficar somente na piscina e andar de cavalo, eu queria sair e explorar a fazenda inteira. Depois de um tempo enchendo o meu primo Alexandre (Alex) com isso, ele finalmente concordou em ir junto comigo, já que além de eu não querer ir sozinha, não conhecia tão bem a região quanto ele. Nós saímos de manhã um pouco depois do café e fomos dar umas voltas. Quando estávamos um pouco longe da casa da fazenda ele falou: "já que você quer explorar, eu vou te levar para a antiga casa principal da fazenda." Quando ele falou aquilo, eu já sentia que eu ia encontrar muito mais do que eu queria lá. A casa antiga da fazenda ficava bem longe da outra, e nós levamos um bom tempo para chegar até lá. Quando chegamos lá, eu vi que a casa era bem velha. Ela não era tão grande, mas não era pequena. A porta estava destrancada, estava simplesmente encostada. Não era exatamente aquilo que eu tinha em mente quando eu falei que queria explorar a fazenda, estava mais interessada em um rio, alguma cachoeira, alguma montanha com uma vista bonita, ou até alguma caverna, mas era aquilo que eu tinha no momento. Nós entramos na casa e a primeira coisa que eu notei é que as paredes estavam completamente arranhadas, com umas manchas amarronzadas que pareciam sangue, mas poderia ser tinta velha também, apesar dos formatos delas serem bem estranhos. O meu primo falou que fazia tempo que ele não ia lá, mas que da última vez que ele foi, as paredes não estavam daquele jeito. Nós estávamos na sala principal, sendo que para a esquerda tinha uma passagem que levava para outra sala (a de jantar) e para a direita tinha um corredor que levava para os quartos. Da sala de jantar dava para ir para a cozinha, e de lá para fora da casa de novo pela porta dos fundos. Nós pegamos o corredor da direita, para olhar os quartos. Haviam quatro quartos e um banheiro no total. O primeiro quarto estava normal, nada de mais, só poeira. O segundo e o terceiro a mesma coisa. e então fomos ver o quarto quarto, o maior de todos. Quanto entramos eu senti uma brisa fria e um pouco de frio, mesmo a casa estando bem quente e abafada. Nesse quarto tinha um armário e nós fomo ver o que tinha dentro dele. Abrimos a porta e nada. Então eu ouvi o som de passos vindo do corredor. Eu agarrei o braço do meu primo e olhei para a porta. Os passos chegaram perto e pararam na frente da porta. Mas não apareceu ninguém. Então eu olhei assustada para ele e saí correndo, e ele veio atrás. Enquanto eu corria pela casa para sair dela eu não vi ninguém lá dentro, só via as nossas pegadas na poeira, a de mais ninguém, apesar de ter ouvido os passos. Lá fora na luz do sol, ficamos mais calmos. Eu olhei para ele e ia perguntar o que será que tinha sido aquilo, quando ele começou a gritar, do nada. A única coisa que ele falava era "ta doendo". Eu olhei no braço dele e começou a aparecer um monte de marcas vermelhas e brotoejas. O pescoço dele começou a ficar todo vermelho também. Eu decidi que era melhor levar ele correndo para a casa da fazenda para a mãe dele ver o que era. Antes de sair correndo com ele eu dei uma última olhada para a velha casa e vi uma fumaça meio cinza na porta de entrada, na forma de uma pessoa. Depois disso eu agarrei a mão do meu primo e saí correndo. Quando nós chegamos na casa da fazenda a mãe dele viu como ele estava e ficou assustada. Ela levou ele no hospital, e deram alguns remédios para ele tomar. O estranho é que no dia seguinte ele já estava bom de novo, nem parecia que ele tinha tido alguma coisa. Ele me falou que aquela era a primeira vez que ele tinha entrado nos quartos da casa antiga, e que era a primeira vez que ele tinha uma reação alérgica lá, mesmo já tendo ido na casa. Durante o jantar nós falamos o que tinha acontecido no dia anterior, e falamos dos passos que ouvimos. O namorado da minha tia ficou preocupado, achando que podia ter alguém morando lá escondido, já que isso não era incomum acontecer por lá. Ele resolveu ir investigar a casa no dia seguinte. Como não tinha muita coisa para fazer, o Alex e eu fomos junto com ele. Quando chegamos lá nós entramos na casa, e para a nossa surpresa, as paredes não tinham arranhões nenhum, e nem nenhuma mancha de tinta ou sangue (ou o que quer que fosse aquilo). Mas eu e o Alex não saímos da sala, foi o máximo que nós entramos. O namorado da minha tia procurou a casa inteira e não achou ninguém e nem sinal de que alguém além do Alex e de mim tenha estado lá dentro. Nós fomos embora de lá e nem o Alex e nem eu voltamos lá de novo. Mas eu não vou esquecer tão cedo daquela fumaça cinza que tinha na porta, e nem a alergia relâmpago do Alex que veio do nada e foi embora como se ele nunca tivesse pegado coisa alguma. Isso serviu de lição para mim, mostrando que visitar lugares desconhecidos e principalmente antigos pode ser perigoso, além de ter surpresas desagradáveis e além da imaginação. www.alemdaimaginacao.com Cíntia São Paulo - SP - Brasil Contato: assombracoes@gmail.com