DIABÓLICO MENINO CHORÃO

O caso do quadro do menino que chora é uma das lendas urbanas mais conhecidas no Brasil. Como em várias outras narrativas populares, esta história gira em torno do tema do artista que faz um pacto com o diabo para alcançar sucesso. Neste caso, o artista seria um pintor que, entre outras obras, fez um quadro no qual retratou um menino chorando. A criança que posou para o artista teria sido assassinada em um ritual satânico. Ainda segundo essa lenda urbana, se o quadro fosse queimado ele libertaria o capeta em "carne e osso" e as provas disso eram que quando virado de cabeça para baixo o retrato do menino tornava-se a silhueta do diabo e quando o fogo começava a queimar o quadro formavam-se figuras de um ser chifrudo onde as chamas atingiam. E não adiantava jogá-lo fora, pois ele voltava a aparecer na casa de seu dono. A lenda fez tanto sucesso, isto é, amedrontou tanta gente, que hoje em dia é difícil encontrar um exemplar do quadro por aí.

O Bebê que nasceu com as mãos coladas.

Em 2007, essa história apareceu na internet. O E-Farsas recebeu por e-mails, leu em blogs e sites e notícia se espalhou pelo Orkut e agora parece voltar.
O texto chama a atenção pelo tom alarmista e confidencial com que foi escrito. Uma criança teria nascido com as mãos coladas, como se estivesse orando. Como as mãos estavam coladas “apenas por uma pele”, os médicos teriam feito uma cirurgia de emergência para abri-las e o que havia entre as duas mãos fez com que todos caíssem no choro: Uma mensagem que dizia apenas: “Jesus está voltando!”.
Ainda, de acordo com o texto, a pobre criança teria morrido horas depois. A trágica história é falsa de acordo com o site E-Farsas! Pois não há registro do acontecido em nenhum jornal ou em sites de notícias.
Vamos analisar alguns pontos do texto. Logo no início, temos:
“Num hospital publico de Itaguaí, nesse fim de semana que passou, nasceu uma menina com as mãos coladas, como se estivesse orando.”
Quando ocorreu o fato?

Não se sabe! Todo ano essa história corre as redes sociais. Como o texto não é datado [fala apenas que foi nesse fim de semana que passou], o leitor não sabe quando teria acontecido o “milagre” e, dessa forma, repassa a mensagem achando se tratar de uma notícia nova.
Em qual dos hospitais públicos de Itaguaí aconteceu isso?
Itaguaí tem mais de um hospital?
Logo mais, no próximo parágrafo: “...quando abriram a mão daquela criança. Vocês nem imaginem o que estava escrito... JESUS ESTÁ VOLTANDO!”
Como estava escrito?
Em português? Era um papel? Estava tatuado na pele? Muitos dirão que para se ter fé não há a necessidade de provas. Mas, nesse caso, a total ausência de provas coloca toda a "mensagem em descrédito".
Mais abaixo, no texto:

“O bairro de Itaguaí está num movimento só.” Afinal, Itaguaí é uma cidade ou é um bairro? O autor do texto se atrapalha um pouco nesse trecho. Itaguaí é uma cidade que fica no estado do Rio de Janeiro, a 73 km da capital.
“Deus trouxe aquela criança ao mundo somente para transmitir aquela mensagem, depois de algumas horas ela morreu.”
Os médicos fizeram biópsia na criança? E os pais do bebê? Alguém os entrevistou para saber “o que estavam sentindo naquele momento”?
Uma notícia dessas teria saído em vários jornais em todo o Brasil!